Na
década de 1970, acreditaram em uma história bem estranha nos Estados
Unidos. Uma moça jovem de codinome Jane Roe disse ter sido estuprada por
uma gangue no Condado de Dallas, Texas. O estupro desencadeou uma
gravidez, e com a gravidez ela não queria prosseguir. Baseada nos
“direitos inalienáveis do poder de escolha”, decidiu tirar o bebê.
Naquela época a lei americana não permitia o aborto (ou interrupção
terapêutica da gestação, para os politicamente corretos) no caso
apresentado por Roe.
Roe,
já sabendo dos problemas que iria encontrar, mas muito bem amparada por
advogadas de cunho ideológico feminista, resolveu recorrer ao distrito
do Condado. Lá, ela enfrentou a negativa do fiscal da região, Henry
Wade, na tentativa de abrir uma restrição contra a legislação sobre
aborto no estado.
Em 1973, depois de três anos de embate com a justiça, o caso parou na Suprema Corte dosStates, que
decidiu pela legalização do aborto até os seis meses de gestação em
todo o país - passando por cima das fortíssimas leis estaduais. No fim
das contas, Roe teve a criança e mandou-a para adoção. Mas o maior
estrago já estava feito. Em 40 anos de lei, mais de 50 milhões de bebês
foram retirados do ventre das respectivas mamães, contando somente nos States of America. Além disso, foi infundida no mundo uma cultura nada positiva de "o corpo é meu e ninguém mexe comigo”;
Só que…Não
Roe
não era Roe. Era laranja, testa de ferro. Roe se chama Norma L. Mc
Corvey e foi usada, de maneira singular, teatral e frutuosa como garota
propaganda do ideário feminista a favor do aborto. Foi ela mesmo quem se
arrependeu e confessou, em 1987 - depois de ter carregado um imenso
fardo pelo silêncio -, a mentira que proferiu para a justiça americana:
ela não foi estuprada. O estupro foi a invenção que sensibilizou a
Corte. Norma foi usada (por umas organizações bem ricas, incluindo a
revista Playboy e a multinacional abortiva Planned Parenthood) para ser o ícone da luta das mulheres pelo direito de decidir o que fazer com o próprio corpo - e com o corpo dos outros.
A
Lei de 1973 ficou conhecida como Roe vs. Wade e se tornou um marco,
tanto como uma enorme vitória para as feministas quanto por um salto
exorbitante nos lucros de clínicas de abortos e outras instituições
relacionadas. Por outro lado, essa lei ficou conhecida como um grande
fracasso da Suprema Corte, que ao acreditar em uma falsa história,
contrariou a Constituição dos EUA e criou um novo direito abrindo portas
para um legado moribundo e deprimente para milhares de mães, pais e
profissionais de saúde.
Para
falar justamente sobre esta lei - e sobre a indústria americana do
aborto - o cineasta David Kyle resolveu dirigir o documentário Blood Money - Aborto Legalizado.
Com 75 minutos de duração, o filme estreou em 15 de novembro em nove
cidades brasileiras: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia,
Belém, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza.
Sem uma única cena de aborto, o filme é apresentado por Alveda C. King, sobrinha de Martin Luther King (aquele do “I have a dream…”).
Alveda compartilha o ideal de igualdade racial entre negros e brancos
proposta pelo tio desde os anos 1950, mas relata como a discriminação
ainda perdura como um ranço cultural, sobretudo na temática apresentada
pelo documentário: nos EUA, o maior número de abortos cometidos são
contra crianças negras.
Planned Parenthood
A Planned Parenthood (em tradução livre Paternidade Planejada)
é uma das organizações que mais lucra com a disseminação de uso dos
métodos contraceptivos e abortivos nos EUA e no mundo. Contra ela, David
Kyle faz graves denúncias: expõe desde o financiamento de campanha do
democrata Barack Obama e o bilionário mercado de clínicas abortivas, até
a seleção e ‘purificação’ de raças baseada nos ideais eugenistas de
Hitler e cia.
Esperança
Mesmo
com o tom de denúncia, o documentário também consegue abrir espaço para
a posição das mulheres que praticaram o aborto - mães e profissionais
de saúde. Em todos os depoimentos elas lembram com profunda tristeza o
fato de terem retirado a vida dos próprios filhos ainda no ventre
materno ou de terem ajudado a construir uma cultura de morte.
Por
outro lado, os depoimentos destas mulheres despertam a esperança na
luta pela promoção da vida, reconhecendo o valor da conscientização e de
iniciativas populares, e também do amor. Em Blood Money, uma das
frases que me chamou mais atenção dizia mais ou menos isso: “Não só de
cartazes e faixas é feita a defesa da vida, nós também precisamos nos
sentir amadas”.
Por Lilian da Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário